Escatologia, o Estudo das Últimas Coisas

O que Significa Escatologia?

1. Definição do termo Escatologia

O termo “ escatologia” e seus cognatos correspondem à “doutrina das últimas coisas” . Escaton (que vem por último) designa a doutrina que diz respeito ao fim do mundo presente e ao mundo vindouro. Desde que CRISTO irrompeu e com Ele o Reino de DEUS, o domínio da escatologia já está presente misteriosamente entre nós, com o seu peso de promessas e, simultaneamente, seu atual julgamento. 
 A escatologia estuda os seguintes temas: Estado Intermediário, Arrebatamento da Igreja, Grande Tribulação, Milênio, Julgamento Final e o Estado Perfeito Eterno.

A escatologia e a volta de Jesus 

O estudo da escatologia bíblica mostra que o crente tem de estar sempre alerta, vigilante, pois a volta de Jesus pode acontecer a qualquer momento: “Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do Homem à hora que não imaginais” (Lc 12.40). Muitos desprezam e desdenham das verdades bíblicas, mas Deus vela pela sua Palavra e em breve Jesus voltará e julgará a todos aqueles que amam a prática do pecado.

2. Definição do argumento

Existem em o Novo Testamento alguns termos técnicos que designam o domínio presente, atual e futuro, ao mesmo tempo, da escatologia na vida da Igreja e na vida do mundo. Estes termos, segundo se diz, focalizam com exclusividade este tempo futuro. Vejamos:
a. “ E nos últimos dias acontecerá, diz DEUS, que do meu ESPÍRITO derramarei sobre toda a carne...” (J1 2.28 e ss; At 2.17 e ss).
b. “ Mas o ESPÍRITO expressamente diz que nos últimos dias apostatarão alguns da fé...” (1 Tm 4.1a).
c. “ Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2 Tm 3.1).
d. “ Havendo DEUS antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (Hb 1.1).
e. “ Sabendo primeiro isto: que nos últimos dias virão escarnecedores...” (2 Pd 3.3a), etc.
Portanto, a expressão “ os últimos dias” e seu equivalente apontam para: a descida do ESPÍRITO SANTO em sua plenitude (J1 2.28; At 2.17 e ss); para a época do Evangelho de CRISTO (Hb 1.1) e, concomitantemente, para os últimos dias maus (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1; 2 Pd 3.3).

Interpretações escatológicas

Existem diferentes interpretações escatológicas a respeito do fim. Não podemos estudar todas em uma única lição, porém estudaremos algumas:

1. Futurista. Essa interpretação considera que a maior parte das profecias ainda vai se cumprir, começando com o arrebatamento da Igreja e demais fatos subsequentes. Sem dúvida, é a mais adequada à realidade das profecias sobre os últimos tempos. Essa corrente, porém, subdivide-se em:

a) Pré-tribulacionista. Esta corrente afirma que o Senhor Jesus arrebatará sua Igreja antes da Tribulação de sete anos (Jo 14.1-3; 1Ts 4-5). Segundo Tim Lahaye, aqueles que “interpretam a Bíblia literalmente encontram razões fortes para crer que o arrebatamento será pré-tribulacional”. O ensino a respeito do arrebatamento é uma doutrina fundamental, porém, o povo de Deus não precisa estar dividido quanto a tal assunto. O importante é que Jesus voltará para buscar a sua Igreja.

É importante ressaltar que a corrente pré-tribulacionista está mais de acordo com o livro de Apocalipse (Ap 4.1-2). Para os pré-tribulacionistas os crentes serão guardados da Tribulação. Segundo esta corrente o propósito da Tribulação não é preparar a Igreja para estar com Cristo, mas, preparar Israel para a restauração do plano de Deus.

b) Pré-milenista. Essa corrente conclui que a Vinda de Cristo ocorrerá antes do milênio, quando Cristo virá reinar sobre a Terra.

Grande parte dos cristãos do primeiro século, eram pré-milenistas. Segundo o pastor Claudionor de Andrade “tal posicionamento foi duramente combatido por Orígenes que, influenciado pela filosofia grega, passou a ensinar que o Milênio nada mais era que uma referência alegórica à ação do Evangelho na vida das nações”.

c) Midi-tribulacionistas. Os midi-tribulacionistas entendem que a Igreja será arrebatada no meio da Tribulação.

d) Pós-tribulacionistas. Os pós-tribulacionistas pregam que a Igreja vai passar pela Grande Tribulação. No entanto, esse ensino não tem base sólida na Palavra de Deus. Jesus disse à igreja de Filadélfia, que representa a igreja fiel, que iria guardá-la “da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap 3.10). A Igreja não estará mais na Terra quando começar a Grande Tribulação. Paulo ensina que devemos “[...] esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1Ts 1.10).

2. Histórica. Considera que o Apocalipse é um livro histórico, cujos fatos já se cumpriram na sua maior parte. Mas tal entendimento não corresponde à realidade bíblica.

3. Preterista. Os preteristas entendem que o Apocalipse já se cumpriu totalmente na época do Império Romano, incluindo a destruição de Jerusalém, no ano 70 a.C. Entretanto, as profecias bíblicas sobre os fins dos tempos indicam que diversos eventos escatológicos ainda não se cumpriram, como o Arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17), a Grande Tribulação ou “a hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo” (Ap 3.10), a Vinda de Cristo em glória (Mt 16.27) e o milênio (Ap 20.2-5).

4. Simbolista. É também chamada de interpretação idealista ou espiritualista. Tudo é “espiritualizado”, simbólico; nada é histórico, mas apenas uma alegoria da luta entre o bem e o mal. Nessa linha de pensamento, há o ensino amilenista, segundo o qual não haverá um período literal de mil anos para o reinado de Cristo. Ensinam que a Igreja está vivendo um milênio simbólico, mas as referências que indicam que o milênio será literal são muitas (Ap 20.2-5; Hc 2.14). Há os pós-milenistas que pregam que Jesus só voltará depois do milênio. Os textos bíblicos, porém, indicam uma ordem diferente dos acontecimentos escatológicos. A ressurreição dos mortos salvos ocorrerá na vinda de Cristo (1Ts 4.13-17). A volta de Jesus é tão literal quanto o foi a sua Ascensão (cf. At 1.9,11).

3. A vinda de JESUS

A vinda do Senhor JESUS tem uma tríplice relação: à Igreja (para o arrebatamento), a Israel (para seu preparo em receber o Messias sete anos depois) e, às Nações (para o Milênio). A tríplice divisão natural é depreendida de 1 Tessalonicenses 4.16 que expressa o significado do argumento quando diz: 
...o alarido” (à Igreja); 
...a voz do arcanjo” (a Israel); 
...a trombeta de DEUS” (às Nações).

a. Para com a Igreja, a descida do Senhor aos ares para ressuscitar os que dormem e transformar os crentes vivos é apresentada como constante expectação e esperança (1 Co 15.51,52; F1 3.20; 1 Ts 4.14-17; 1 Tm 6.14; Tt 2,13; Ap 22.20).

b. Para Israel. Para o povo escolhido, a vinda do Senhor é predicada para cumprir as profecias que dizem respeito ao seu ressurgimento nacional, a sua conversão, e estabelecimento em paz e poder sob o Pacto Davídico (Am 9.11,12; At 15.14-17).

c. Para as Nações. No caso das Nações, a Volta do Senhor é predicada para consumar a destruição do presente sistema político universal (Dn 2.44,45; Ap 19.11 e ss). Sendo, porém, que os dois últimos acontecimentos relacionados com Israel e as Nações só terão lugar sete anos depois do arrebatamento da Igreja por JESUS CRISTO.

4. O desenvolvimento do argumento

A volta do Senhor, no que diz respeito à sua primeira vinda (ou fase), se destinará apenas à sua Igreja, e é chamada de “encontro” em 1 Tessalonicenses 4.17. A palavra “ rrebatamento” não se encontra, graficamente falando, nas passagens que descrevem o momento do arrebatamento da Igreja, mas a ideia do termo está na frase inserida. Isto é, no contexto que diz: “...seremos arrebatados” (1 Ts 4.17). A presente expressão obedece à seguinte sentença: “ tirar” , “ arrancar” , “ levar” , “ afastar” , “ tirar por força ou por violência” , “ impelir” , “ suprimir” , “ elidir” , etc.( ) Todas estas expressões designam, fundamentalmente, o traslado de uma coisa de um lado para outro ou de uma dimensão inferior para uma outra superior. Encontramos em o Novo Testamento cinco termos técnicos na língua grega que descrevem a manifestação de CRISTO em suas duas fases futuras: Arrebatamento e Parousia e cada uma delas exemplificadas com passagens bíblicas:

a. Optomai (aparecer). “ Assim também CRISTO, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Hb 9.28).

b. Ercomai (vir). “ E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejai vós também” (Jo 14.3).

c. Epphanos (aparição). “ Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até a aparição de nosso Senhor JESUS CRISTO” (1 Tm 6.14).

d. Apokalypsis (revelação, desvendamento). “ De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor JESUS CRISTO” (1 Co 1.7).

e. Parousia (presença ou vinda). “ E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (2 Ts 2.8).

Estudando a Parousia de CRISTO. 

Será no fim da Grande Tribulação, e, efetivamente, terminará esse período de aflição. O aparecimento do Rei será acompanhado de certos sinais que não deixarão ninguém em dúvida sobre o que vai acontecer (Mt 24.29). Isto significa que a volta do Senhor, portanto, terá efeitos opostos e resultados positivos (para os santos) e negativos (para os incrédulos). Os efeitos serão sentidos sobre: amigos (Mt 24.31) e inimigos (Mt 24.30); tristeza e alegria, gemidos e adoração, medo e delicias. Ele não virá como veio da primeira vez, em fraqueza (a fraqueza de DEUS) e humildade, mas na glória e poder (Ap 1.7; 19.11-21).

5 .O "encontro “

Em 1 Tessalonicenses 4.17, a palavra “ arrebatamento” tem o mesmo sentido no grego que “ nosso encontro” , em Atos 28.15 onde lemos: “ ...ouvindo os irmãos novas de nós, nos saíram ao encontro à praça de Ápio e às três Vendas. E Paulo vendo-os deu graças a DEUS, e tomou ânimo . A palavra “ encontro” , neste sentido, significa portanto literalmente “ sair” a fim de voltar com “ alguém” . Somente duas passagens focalizam essas palavras com tal sentido, a saber: no trecho de Gênesis 24.63-67 e Mateus 25.1,6. Na passagem de Gênesis descreve-se o encontro de Rebeca com Isaque e na passagem de Mateus ilustra o encontro da Igreja com CRISTO.

a. Para Israel. A volta do Senhor no que diz respeito à sua segunda fase (Parousia) se destinará especificamente a Israel, mas as Nações, de um certo modo, estão envolvidas no acontecimento. Prenunciando a volta do Senhor nos ares, Israel é representado na figueira que brota. “ Aprendei pois esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão” (Mt 24.32). As parábolas foram métodos de ensino muito usados por JESUS. As parábolas são estórias que transmitem instrução, comunicando geralmente um ponto importante. O ponto enfatizado na parábola da figueira contada por JESUS tem como objetivo ensinar-nos a identificar um "período de tempo geral” . Quando as folhas da figueira começam a brotar, sabemos que o verão se aproxima. Ainda hoje em Israel a natureza da figueira continua a mesma. Tão-somente quando as árvores ali brotam, anunciam a vinda da primavera, assim estes sinais (disse JESUS) anunciarão a Volta do Rei em glória.

b. A figueira nesta passagem e em outras do mesmo gênero é Israel (Lc 13.6-9). “ A nação judaica é comparada a três árvores nas Escrituras Sagradas: À vinha (Is 5.1-7), este foi o conceito de Isaías e de outros profetas do Antigo Testamento. A oliveira (Rm 11.17 e ss), este foi o conceito de Paulo por amor de seu argumento. E à figueira (Mc 13.28), este foi o conceito de JESUS em relação a Israel. Antigamente a nação era como uma “ vinha frutífera” , depois uma “ figueira estéril” , e mais tarde na Vinda do grande Rei uma “ oliveira florescente” . O Senhor JESUS já no entardecer de seu ministério terreno exorta-nos a observar os acontecimentos por virem na vida de Israel e depois acrescenta: 
“ Olhai para a figueira, e para todas as árvores” (Lc 21.29).
Ora, a partir do ano 70 d. C., a figueira secou-se de acordo com as palavras proféticas de JESUS (Lc 13.8,9), e durante quase dois mil anos que se seguiram, a nação israelita se transformou profeticamente falando num “ montão de ossos secos” (cf. Ez 37.1,2,11). Esses “ ossos” como diz o profeta do Senhor, seriam espalhados na face de um grande vale (o mundo), e ali seriam absorvidos pelas sepulturas (as nações). (Cf 37.12). Mas apesar de tudo, a promessa de DEUS é de restauração e, em 14 de maio de 1948, a figueira começa então a “ brotar” , e as sepulturas (as nações) devolvem a Israel não só seus filhos, mas também sua Terra e, de lá para cá, o grande progresso na vida deste povo são os brotos, preditos por nosso Senhor quando falou sobre o futuro (Mt 24.33).

c. Mas segundo os ensinos de JESUS, não só a figueira (Israel) seria alvo das profecias, mas todas as árvores haviam também de “ brotar” Lc 21.29). As Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! Todas as nações que margeiam Israel vêm, de uma maneira ou de outra, sentindo um certo progresso. Isto prenuncia a Vinda do Senhor, que continua dizendo: “ Não passará esta geração...”

6. A posição de CRISTO

No plano mais amplo de Seu ministério mediatorial, CRISTO está agora assentado no Céu “ aguardando” . O grego êkõêxouai transmite o significado de alguém esperando o recebimento de alguma coisa vinda de outro. Isto mostra CRISTO agora na atitude de alguém que está esperando; encontra-se revelado em Hb 10.12,13. Ele está entronizado e pacientemente aguarda: o tempo certo e a ordem do Pai. Mas enquanto isso não acontece, Ele está exercendo sua tríplice função: Primeiro, como concessor de dons (Ef 4.7-16), e o diretor do seu exercício (1 Co 12.4-11), e conforme tipificado pelos sacerdotes do Antigo Testamento que consagravam os filhos de Levi (Êx 29.1-9), CRISTO está incessantemente ativo no Céu. Em relação a isto, todo o campo de serviço fica adequadamente apresentado e a que deve ser notada está entre a atividade universal tríplice do crente como sacerdote e o seu exercício diário. Segundo, como intercessor, CRISTO continua o seu ministério no Céu, o qual começou aqui na terra (Jo 17.1-26; Rm 8.34). Este empreendimento estende-se ao seu cuidado pastoral daqueles que Ele salvou. Ele vive para sempre para fazer intercessão por eles, e por causa disto Ele pode salvá-los quando se aproximam de DEUS através dele (Hb 7.25). Ele não ora pelo mundo, ora, porém, por aqueles que o Pai lhe deu (Jo 17.9). 

A intercessão de CRISTO relaciona-se com a fraqueza, imaturidade e limitações daqueles por quem Ele ora. Sua intercessão garante nossa segurança para sempre (Lc 22.31,32). Terceiro, como advogado, e como aquele que nos representa agora no Céu (Hb 9.24), CRISTO lida com o pecado atual do cristão. Ele é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.2). Quando acontece um pecado na sua vida, o cristão tem um advogado junto ao Pai. Um advogado é aquele que defende a causa de outra pessoa nos tribunais, e há motivos abundantes para CRISTO advogar em benefício daqueles que tão constantemente necessitam de sua ajuda.

7. O retorno de CRISTO exemplificado

Encontramos no Antigo Testamento, especialmente no livro de Levítico 23, o ritual de cada festa estabelecida por DEUS e observada pelo povo de Israel na Terra Santa. Cada festa destas, de acordo com sua significação especial, aponta para um tempo futuro.

a. A Páscoa (Lv 23.4). A primeira delas era a Páscoa do Senhor. Era celebrada “ no mês primeiro, aos 14 dias do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor” . Esta festa é comemorável, e recorda a Redenção, feita por um grande Redentor. Em figura ela significa “ ...CRISTO, nossa páscoa..., sacrificado por nós” (1 Co 5.7).

b. Os Asmos do Senhor (Lv 23.6). Esta era a segunda festa deste calendário. Esta simboliza comunhão com CRISTO, e pão sem fermento, na plena bem-aventurança de sua redenção, e ensina um andar santo. A ordem divina aqui é linda: primeiro, redenção, depois um viver santo (1 Co 5.6-8 etc...).

c. As Primícias (Lv 23.10). A festa das primícias era uma figura da ressurreição, primeiro. CRISTO, depois os que são de CRISTO na sua vinda (1 Co 15.23; 1 Ts 4.14-16 etc...).

d. O Pentecoste (Lv 23.15-22). Esta festa, que é a quarta do calendário, era chamada de “ pentecoste” . Segundo a interpretação dada pelo doutor C.I. Scofield, ela simbolizava a descida do ESPÍRITO para a Igreja, conforme aconteceu no Cenáculo em que os discípulos oravam no dia de Pentecoste (At 2.1 e ss). “ Desde seu início até o fim, esta festa é o antítipo da descida do ESPÍRITO SANTO para formar a Igreja do Senhor. Por isso o fermento está presente (Lv 23.17), porque infelizmente, mesmo em contrário à vontade divina, o mal existe na Igreja (Mt 13.33; At 5.1 e ss; Ap 2.1 e ss).

Notemos que agora fala-se de pães, e não de um “ molho” (feixe) de espigas soltas. Importa numa verdadeira união de partículas, formando um “ corpo homogêneo” . A descida do ESPÍRITO SANTO no Pentecoste uniu os discípulos em um só organismo (1 Co 10.16,17; 12.13,20). Os pães movidos eram oferecidos “ cinquenta dias depois que se tinha oferecido o molho da oferta movida” (Lv 23.15). Isto é precisamente o período entre a ressurreição de CRISTO e a formação da Igreja no Pentecoste, pelo batismo no ESPÍRITO SANTO (At 2.1-4), com o “ molho” não havia fermento, porque em CRISTO não existe mal. e. A das Trombetas (Lv 23.23-25). A quinta festa era chamada a “ ...das trombetas” . 

Chegamos aqui, ao tempo do fim, porque esta festa tem um valor completamente profético e se refere à futura restauração no sentido total da nação israelita Note que existe um longo período entre o Pentecoste e a festa das Trombetas. correspondendo ao período entre o Pentecoste e a introdução do Milênio. Este período, segundo se depreende, corresponde ao longo período do trabalho pentecostal do ESPÍRITO SANTO sobre a Igreja aqui na terra, na atual dispensação (cf. Is 18.3; 27.13; 58.1 e ss; J1 2.1 e ss; 3.21 etc...). Devemos observar que, em relação à festa das Trombetas, algo especial a acompanha, que é um testemunho referente ao ajuntamento e arrependimento de Israel depois de terminar o período pentecostal, que é o da Igreja. Esta festa é seguida imediatamente pelo dia da Expiação. Simbolicamente falando, a festa das Trombetas fala do ajuntamento de Israel; profeticamente, porém, fala do arrebatamento da Igreja (“ ···A Grande Colheita” ), e logo a seguir, vem a penúltima festa. f. A festa da Expiação (Lv 23.26-32). 

Segundo os rabinos, o dia da Expiação é o mesmo descrito em Levítico 16.29-34, mas aqui a ênfase está sobre a tristeza e arrependimento de Israel. Em outras palavras, seu valor profético é saliente, e isto antecipa o arrependimento de Israel, depois do seu julgamento, quando de Sião vier o Libertador, e expiar a iniquidade de seu povo (Is 9.14; Rm 11.26). g. A festa dos Tabernáculos (Lv 23.34 e ss). A festa dos Tabernáculos simboliza o estabelecimento do reino milenial ser outra vez um memorial; e, desta vez, não será só para Israel mas para todas as nações durante o Reino Milenar de CRISTO (Ez cap. 40 a 48; Zc 14.16-21). Esta festa era memorial para Israel como a Santa Ceia do Senhor é para sua Igreja: “ Fazei isto em memória de mim” .

8. Para os primeiros cristãos

Para os cristãos da Igreja Primitiva a maior e mais sublime expectação era o retorno de CRISTO para seus Santos. Eles não se conformavam ausentes da “ presença do Senhor” e ardentemente almejavam por ela. Paulo, por exemplo, conserva em si uma expectação imediata da presença de CRISTO em sua vida. Ouça o que Paulo diz: “ Mas, se o viver na carne (no corpo) me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. - Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com CRISTO, porque isto é ainda muito melhor” (F1 1.22,23). 

Nesta sua expectativa, Paulo deseja estar com CRISTO de qualquer maneira: tanto “ partir” como esperar na “carne” o retorno de CRISTO. Esse deve ser, portanto, o sentido de “ viver na carne” para Paulo (F11.22). E, evidentemente, ele é inspirado a fazer esta oração aramaiquizada, que é: “ MARANATA!” (1 Co 16.22). Tal locução proverbial, como produto da cristologia do Filho de DEUS na comunidade primitiva, encontra seu correspondente em Apocalipse 22.20: “Amém. Vem Senhor JESUS!” 

No mais, a expectativa imediata do retorno de CRISTO para os seus santos está ancorada numa palavra falada por JESUS e escrita por Paulo, em 1 Tessalonicenses 4.15: "Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós (ele atualiza), os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem". E na seção seguinte ele exclama: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de DEUS..."

Na passagem de Romanos 16.20, encontramos a ardente expectação de Paulo pelo retorno de CRISTO, quando diz: 
“E o DEUS de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés...” 
Esta ansiedade de Paulo e dos demais cristãos no primeiro século vem à tona em vários elementos doutrinários, tais como:
  • Em 1 Coríntios 7.29, lemos: “ Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia-, o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se as não tivessem” .
  • Em 1 Coríntios 10.11, Paulo diz: “ Ora tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estas estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” . 

Em outras formulações referentes à expectativa imediata dos escritores do Novo Testamento quanto ao retorno de CRISTO, são os verbos e advérbios que deixam bem claro a urgência para tal acontecimento! Veja:
  1. "E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação (plena redenção do corpo) está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé" (Rm 13.11).
  2. "Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor!" (F1 4.5).
  3. "Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima" (Tg 5.8).
  4. "O Senhor não retarda a sua promessa (da sua vinda), ainda que alguns a têm por tardia..." (2 Pd 3.9a, etc...).

9. O conceito errôneo

Para muitos a segunda vinda de CRISTO a este mundo é apenas um processo de acontecimentos. Para outros, porém, isso significa um estado de morte. Mas, segundo se depreende, não é uma coisa nem outra. Razão porque a morte é a penalidade imposta pelo pecado, mas o retorno de CRISTO livra do pecado e da penalidade (Rm 6.23). “ Os pensamentos e as experiências relativas à morte são dolorosos; os pensamentos relativos à vinda de CRISTO nos são muito caros (Jo 11.31; Tt 2.13). No primeiro caso, olhamos para baixo e choramos; no segundo, para cima e nos regozijamos (Jo 11.35; F1 2.16).
No primeiro caso (a morte), o corpo é semeado em corrupção e desonra; no segundo caso será ressuscitado em incorrupção e glória (1 Co 15.42,43; 1 Ts 4.16,17). No primeiro caso, somos despidos; no outro, revestidos (2 Co 5.4). No primeiro caso, há triste separação entre amigos; no outro, alegre reunião (Ez 24.16; 1 Ts 4.16 e ss). 

Na morte entramos no descanso, mas na vinda de CRISTO seremos coroados (1 Ts 4.13; Ap 14.13). A morte vem como nosso grande inimigo; CRISTO, como nosso grande amigo (Pv 14.27; 1 Co 15.26). A morte é 0 rei dos terrores (Jó 18.14); CRISTO é o Rei da glória (SI 24.7). Satanás tem o poder da morte; CRISTO é o príncipe da vida (At 3.15; Hb 2.14). Por ocasião da morte partimos para estar com CRISTO; por ocasião da sua vinda Ele virá até nós (Jo 14.3; F11.23). JESUS faz distinção entre a sua vinda e a morte do crente. CRISTO e os apóstolos nunca ordenaram aos santos que aguardassem a morte, mas, repetidamente, exortaram-nos a esperar a vinda do Senhor (1 Co 15.51,52).

Escatologia, o estudo das Últimas Coisas

Esperança: o fundamento da Escatologia Bíblica.


“O único motivo por que a promessa da nossa ressurreição, do nosso corpo glorificado, do nosso reinar com Cristo, e do nosso futuro eterno é chamada ‘esperança’ é porque ainda não os alcançamos (Rm 8.24,25)” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD, p.610). 

De fato, não alcançamos a plena redenção do nosso corpo; a nova realidade de uma transformação radical nos termos que o apóstolo Paulo escreveu em 1 Tessalonicenses: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (4.16,17). Ao anunciar esta promessa, o apóstolo conclui: “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (v.18).

A sentença acima, pronunciada pelo apóstolo dos gentios, demonstra que a “esperança” é o grande tema da verdadeira Escatologia Bíblica. E que, por isso, devemos reforçar tal esperança consolando uns aos outros com a memória dessa promessa. A razão de aguardarmos algo que ainda não ocorreu é porque “anelamos e esperamos a realidade última da manifestação do Reino de Deus no mundo”. Por isso, essa esperança se inicia e permanece em nós por intermédio de Jesus Cristo (Ef 2.12). Éramos um povo sem esperança, já condenado como filhos da ira, com uma natureza essencialmente alienada de Deus e do seu plano de salvação. Mas, “estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2.5). 

Aqui, está a razão da nossa esperança! Se o Pai, por intermédio de Jesus, o seu Filho, nos vivificou em Cristo, significa que Ele completará essa boa obra iniciada em nós. Por isso, a “esperança” é o fundamento primeiro da Escatologia Bíblica.

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